A Voz do Local. E se de um momento para o
outro alguém gritar “É pá! anda daí, quero conhecer-te melhor!” estaremos a
viver uma fase primordial da estratégia DLBC. Isto na óptica de quem associa, na sua acção prática desenvolvimento
local e animação territorial (a opinião da Ana Quintela). (CR)
A comunidade voltou a ter os holofotes voltados para
si num contexto em que existe uma orientação europeia para atribuição de financiamento,
baseada no que as próprias comunidades entendem ser as suas prioridades. Esta
situação exige que moradores, organizações locais e entidades públicas definam
consensos para os objetivos de desenvolvimento de um território e comunguem das
estratégias para os alcançar.
Reforçar a intercooperação
O acesso a financiamento no âmbito dos fundos europeus,
passou a privilegiar uma visão comum e um planeamento estratégico partilhado, ou
seja, é necessário que todos os atores de um território reforcem a sua
inter-cooperação. Se esta situação traz, por um lado, novas exigências à
intervenção, por outro lado, cria novas oportunidades para as comunidades
pensarem e agirem sobre si. Assim, de um instante para o outro, todos sentimos
a necessidade de nos conhecer mais, articular melhor, fazer projetos juntos, e
acima de tudo, definir estrategicamente um plano (de desenvolvimento) comum. Ora
o desafio torna-se ainda maior, quando em certos casos, e apesar de geograficamente
próximos ou de termos o mesmo foco de intervenção, nem sempre conhecemos os
“vizinhos do lado”, e portanto, a leitura (e intervenção) do território, como
um todo, fica fragilizada.
Oportunidade única
Lisboa tem neste momento uma oportunidade única para, todos
juntos (moradores, associações, autarquias, empresas, instituições de ensino
superior, etc), refletirmos sobre um projeto comum para a Cidade, que resulta
da própria cidade. Mais, todos juntos podermos fazer com que esse projeto
aconteça.
Mas, como garantir a participação ativa daqueles com
quem e para os quais o projeto é pensado?
Parece
importante apostar numa estratégia de “Animação territorial”, definida como:
• Elemento impulsionador do envolvimento das
comunidades nos assuntos locais;
• Promotora da interação entre pessoas, grupos,
entidades de um território específico, que se mobilizam face a uma temática
comum;
• Reforço das competências locais, facilitando a
identificação de oportunidade e a conceção de soluções inovadoras e ajustadas a
cada território concreto.
Circuitos de comunicação
diversificados
Para conseguir o envolvimento das comunidades, num contexto
Rede DLBC Lisboa, é necessário garantir, primeiro, que a diversidade dos seus
membros/associados é usada de forma positiva, ou seja, urge criar circuitos de passagem
de informação diversos, por forma a chegar a crianças, jovens, idosos,
desempregados, imigrantes, etc.
Há que tirar vantagem em relação à dimensão das organizações e
da sua relação de proximidade com os vários públicos, dando destaque à
intervenção de todos os atores, desde a pequena associação de bairro, à
autarquia local. A aplicação dos recursos institucionais deve ser aproveitada
em todas as suas dimensões, sendo fundamental para um processo verdadeiramente
partilhado e participado, tanto a assembleia de bairro, como a existência de
uma plataforma eletrónica on-line.
Os 5 passos de Wilcox
Mas antes de se avançar para a estratégia de
operacionalização, importa primeiro assegurar que todos os atores, sejam eles
institucionais ou individuais, têm garantidas as condições para a sua
participação. De acordo com David Wilcox[1],
existem 5 passos para a participação:
i. Divulgar
a informação por todos os envolvidos: garantindo que todos têm conhecimento do
que está em causa;
ii.
Consultar:
permitindo que todos possam dar a sua opinião sobre os temas em questão;
iii. Decidir
em conjunto: o que exige definição de prioridades e consensos;
iv. Agir
em conjunto: o que pressupõe a definição de um plano de ação, com identificação
de responsáveis e calendário para a
concretização de cada uma das atividades
Animação territorial
integrada
Após estarem garantidos os passos anteriores, estão assim
reunidas as condições para v) apoiar os interesses da comunidade. É também nesta
fase que o apoio técnico e monitorização das atividades (via Rede DLBC Lisboa),
assume um papel fundamental.
Torna-se
evidente o enorme desafio que a Rede DLBC tem à sua frente. A definição de uma
estratégia de animação territorial integrada, que combine, simultaneamente, uma
intervenção dirigida para as comunidades, tendo em conta se os atores são institucionais
(organizações localizadas ou que intervém num dado território), ou individuais
(moradores, trabalhadores ou pessoas que usam um determinado território), parece
ser fundamental para garantir o sucesso de “uma estratégia de desenvolvimento local que corresponda
às expectativas, vulnerabilidades e desafios da nossa cidade”[2].
Sem comentários:
Enviar um comentário