sexta-feira, 31 de julho de 2015

Sem educação e formação não há mobilidade social


 
A Voz do Local . A experiência do ex-profissional de RVC põe o actual técnico da Junta de Freguesia do Beato a apelar a um forte investimento na Educação de Adultos nos projectos DLBC. (A opinião de Hugo Santa Marta) (CR)

Entre 2001 e 2011 foram criados os CRVCC - Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências com o objetivo de qualificar a população adulta portuguesa tanto a nível escolar como profissional. A partir de 2006/2007 com a implementação do Programa Novas Oportunidades, foram criados os CNO-Centros Novas Oportunidades que operacionalizaram toda uma política de educação e formação de adultos, cuja rede a nível nacional, chegou a alcançar 456 estruturas desta natureza no final de 2011.

Este foi um processo dinâmico, único em Portugal que levou milhares de portugueses a voltarem a apostar em si mesmos, tentando terminar uma etapa importante das suas vidas interrompida precocemente pelos mais variados motivos, conhecidos por todos aqueles que trabalham ou já trabalharam nas áreas da EFA- Educação e Formação de Adultos em Portugal.

Pais e filhos melhoraram as suas qualificações
Ao nível do combate ao abandono e insucesso escolar, este foi um Programa que mobilizou várias gerações dentro de milhares de famílias em Portugal, tendo lutado contra a resistente reprodução social do insucesso escolar na nossa sociedade. Muitos utentes na faixa etária dos 50-60 anos que desenvolveram Cursos EFA ou Processos de Reconhecimento e Validação de Competências durante a década acima enunciada incentivaram os seus filhos a traçarem os seus próprios itinerários educativos e formativos, tentando fazer com que estes melhorassem as suas qualificações e desenhassem novos planos de desenvolvimento pessoal e social para as suas vidas. Igualmente os utentes com filhos em idade escolar, ao participar em processos educativos e formativos deram um incentivo acrescido aos seus filhos para que estes não desistissem do seu percurso escolar.

Vale a pena estudar?
Esta população adulta apostou na sua aprendizagem ao longo da vida, teve alguns receios, mas decidiu que era altura de concretizar o seu percurso escolar e profissional interrompido em tempos anteriores. Acima de tudo, esta população percebeu que um processo educativo e formativo nunca é um processo fechado, mas sim, um ponto de partida para outras formações e incursões profissionais. Infelizmente, devido aos condicionalismos socioeconómicos existentes na nossa sociedade, reapareceu outra vez uma mentalidade muito perigosa e contraproducente que afirma que “não vale a pena estudar”, “até os doutores estão no desemprego”, “Vão estudar para as faculdades e depois vão para o desemprego”. Independentemente do desemprego se encontrar a incidir com uma forte frequência na população jovem (21-25 anos) com qualificações superiores, temos de afirmar e de sensibilizar as comunidades urbanas abrangidas pelas candidaturas DLBC para o facto de que a Educação e a Formação são os pilares essenciais para uma efetiva mobilidade social ascendente na nossa sociedade, sendo o único meio de ascensão social exequível para um individuo oriundo das camadas mais desfavorecidas da população.

Sensibilizar para a Aprendizagem ao Longo da Vida
É assim essencial que a Associação “Rede DLBC de Lisboa” e os seus futuros órgãos sociais façam da sensibilização para a aprendizagem ao longo da vida, um dos seus objetivos estratégicos fundamentais e delineadores de uma futura intervenção concreta nos territórios onde irão atuar.
Ao nível do reforço das respostas educativas profissionalizantes, a Associação “Rede DLBC de Lisboa” deverá procurar promover ações de sensibilização que tentem alterar a perceção geral que a sociedade portuguesa tem em relação ao Ensino Profissional. Uma perceção enraizada na ideia preconceituosa de que o Ensino Profissional é bastante mais fácil do que o Ensino Geral “Tradicional”. O Ensino Profissional seja ele ministrado nas Escolas Básicas e Secundárias, nos Serviços de Formação Profissional de Gestão Direta e Participada do IEFP ou na Rede de Escolas Profissionais existentes em Portugal, deve sempre ser encarado pelas comunidades, como uma escolha de 1.ª linha e não como uma última opção entre um percurso educativo e formativo ou a exclusão total desse tipo de processos por parte de uma população Jovem e adulta.

Associados da Rede devem estar na primeira linha
Todo este processo de credibilização do Ensino Profissional deverá ser feito pelas várias entidades associadas da Rede DLBC Lisboa e sobretudo pelas estruturas destinadas à qualificação da população em geral, os CQEP – Centros para a Qualificação e Ensino Profissional que desenvolvem todo um trabalho de encaminhamento e orientação da população jovem/adulta na definição do seu itinerário educativo e formativo em estreita articulação com o tecido produtivo e empresarial existente nas várias comunidades urbanas abrangidas pela Candidatura DLBC”

Escrevo este texto enquanto Técnico da JF do Beato em sua representação nas atividades da Rede DLBC de Lisboa e como Ex-Profissional RVC do Centro Novas Oportunidades do Serviço de Formação Profissional de Alverca (2006-2011).  

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