
O reconhecimento e sentido de
comunidade[1] que estabelece a ligação da Rede DLBC, no meu
entendimento, é a que promove , expressa e valida a
consciência social que nos liga a todos nós, entidades locais ou grupos
informais, agentes públicos ou empresas privadas, organizações do 3.º sector ou
cidadãos por ser:
1)
Ponto de encontro de vontades num espaço físico
e multidimensional;
2)
Dinâmica que desafia constantemente a
co-habitação de vontades, anseios e decisões individuais e colectivas;
3)
Conjunto de princípios que ofereça o
reconhecimento e legitimação daqueles que aí co-existem, quer estes sejam os
implicados, colaboradores e ausentes;
4)
Sentido de pertença que estabelece laços de
confiança, fomenta processos de co-responsabilização e valida experiências,
pessoas e processos.
Validar no terreno
Permitam-me a veleidade, mas
depois de explorar algumas definições sobre o conceito do que é “Comunidade” na
internet, espaço virtual de encontro por natureza, o que propomos são interesses
que têm de ser validados no terreno pelo saber fazer, como o “Emprego”, pelo
saber viver, a “Educação” e pelo saber estar, a “Inclusão”.
O desafio é conciliá-los com o
conhecimento dos territórios, experiências das organizações, regulação dos
processos e resultados e abertura para a inovação social.
Conversas à porta do café
Para procurar simplificar, a
imagem que vem ao meu encontro para explicar este processo são os vizinhos que se
encontram à porta do café para falar do futebol ou do tempo e que debatem sobre
o seu dia-a-dia e o futuro mais imediato. Estas são conversas dinâmicas e vivas
nas quais, ao final de uns quantos encontros e acesas bravatas, acabamos por afirmar e
nos reconhecermos como vizinhos.
Aí nos sentimos em casa,
partilhamos a mesa, cuidamos uns dos outros e reconhecemos o meio que nos
envolve como uma identidade única. Aí encontramos segurança, abalizamos a nossa
existência e co-substanciamos o que é o meu
bairro, a minha cidade.
Entre o visível e o invisível
Contudo, muitas das vezes nestas
discussões temos dificuldade em participar e comunicar sobre o espaço onde e
como convivemos, quanto mais estabelecemos as bases para a entreajuda e
co-laboração necessárias para melhorar o que é “visível” a todos e “invisível”
por não haver um encontro da vontade e projeto de tod@s para uma solução
conjunta.
Co-governação e modelos de governação
A anima do quotidiano e dos laços de vizinhança gera formas únicas de
co-existência às quais devemos tomar atenção, respeitar e ser capazes de as
traduzir e acompanhar nas suas dinâmicas únicas. Só assim as podemos alimentar,
quer sejam formais ou informais, como base para as estratégias de
desenvolvimento local.
A identificação das necessidades,
o acesso a direitos primordiais de cada indivíduo e o apoio constante aos que
nos rodeiam tornam-se parte integrante das nossas considerações sobre o meu bairro, a minha cidade
e que deveremos
suscitar como base para o trabalho a realizar, como as páginas
desportivas e as últimas transferências do futebol, os descontos que o último
folheto comercial traz sobre as verduras mais frescas ou as últimas tendências
da moda e do corte e costura que falamos com quem vive mesmo à frente da nossa
porta.
Outro tipo de avaliação
Os modelos de governação têm de
ser baseados nas opiniões, sugestões, recomendações e propostas de quem vive
nesses espaços de debate, nas chamadas “conversas de café”, pois quem as
discute será o nosso mais acérrimo avaliador em tudo que iremos animar e
desenvolver.
Instrumentos de participação
democrática são relevantes para que os temas e a comunidade sejam postos
através de:
1) Debates,
assembleias territoriais e/ou temáticas ou fóruns online;
2) Questões
mais difíceis ou que exigem alguma reflexão possam ser postas à consideração
por inquéritos ou outros métodos de apoio à decisão, como petições, concursos, conferências
ou iniciativas territoriais;
3) Mobilização
das vontades comuns através de comunidades virtuais e plataformas online, como o Facebook ou outros
instrumentos tecnológicos que reduzam a clivagem entre decisores/cidadãos,
representantes/representados;
4)
Participação cidadã no apoio a processos de
decisão em que a comunicação e a informação disponibilizada serão instrumentos
fundamentais para transmitir valores, vivências e boas práticas.
Co-capacitar as comunidades
Para tal, processos de
organização e boas práticas já testados no terreno com alguns dos nossos
associados poderão co-capacitar as comunidades, nomeadamente o modelo do Gabinete de Apoio aos Bairros de Intervenção
Prioritária (GABIP, CML) [2], o Plataforma
de Ação Local de Marvila (PALM, Comissão Social de Freguesia) [3], os Projetos de Inovação Comunitária (PIC,
AKF-PT e SCML) ou as iniciativas sociais do “Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania
Empresarial” (GRACE) [4], que podem ser adaptadas de acordo com os territórios
e temáticas a trabalhar.
O exemplo de Kortrijk
Acima de tudo, encontrarmos um
espaço que permita a experimentação social, um local onde não existem erros mas
vivências, que aglutine vontades e que permita a tod@s co-criar, co-participar,
co-decidir, co-gerir, co-governar num processo de advocacia que respeite quem
vive, trabalha e sabe quais as suas necessidades e anseios e que nos foi apresentado
por Kortrijk [5] como um exemplo claro deste encontro de vontades.
http://www.cm-lisboa.pt/viver/habitar/melhoria-da-qualidade-de-vida-urbana-e-coesao-social/gabipshttp://www.cm-lisboa.pt/viver/habitar/melhoria-da-qualidade-de-vida-urbana-e-coesao-social/gabips
[3] http://rededlbclisboa.blogspot.pt/2015/07/marvila-apresentou-plataforma-de-accao.html
[4] http://www.grace.pt/projetos
[5] http://rededlbclisboa.blogspot.pt/2015/07/apresentacao-do-power-to-people.html
[3] http://rededlbclisboa.blogspot.pt/2015/07/marvila-apresentou-plataforma-de-accao.html
[4] http://www.grace.pt/projetos
[5] http://rededlbclisboa.blogspot.pt/2015/07/apresentacao-do-power-to-people.html
Sem comentários:
Enviar um comentário